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Miolos - Por Dácio Jaegger



Tem tempo. mas não muito! Não conto no relógio, no calendário ou na folhinha. Conto no miolo da cabeça, não no de pote que isto é besteira, segundo o que tenho guardado de passagens pela net e que é linguagem de cearense, será? Achei num “dicionarim” que dizia ele, lá com ele mesmo e pra qualquer um: “miolo de pote” significa bobagem, besteira, “água”. Veio-me à mente dos vários usos de miolos, seja de gente ou de animais; estes servindo-se quando possível dos tecidos crus quando podem penetrar dentro de crânios, mister de larvas, formigas, besouros e outros. Mamíferos carnívoros ou aves tais, não podem rachar, penetrar nos crânios, não se dão ao requinte da degustação dos cérebros isoladamente, salvo os das pequenas vítimas, aí, de mistura com pêlos, penas, olhos e mais. Não sinta nojo, amiga! A vida tem sido assim.
Miolo de porco, vaca (mesmo que seja boi), cavalos, carneiros, cabras, são iguarias disputadas por este mundo, desde fogão de terreiro até restaurantes de qualidade. São comidos os miolos, tanto nas boas casas como nas de beira de estrada, temperados com ervas aromáticas, pimentas e bebidas alcoólicas, pelo simples prazer ou como afrodisíacos e haja cérebros.
Em romances e filmes macabros mortos-vivos são apresentados como comedores de cérebros. Dão-nos conta historiadores, que silvícolas brasileiros, já sabedores de que o espírito morava dentro da cabeça dos índios, quando um inimigo era trucidado, um bom e grosso tacape rachava seu “coco” como se fazia e ainda hoje fazemos ao estilhaçar um legítimo coco da Bahia, ou um anão para nos deliciarmos com seu miolo, aproveitada a água antes.
No livro ‘Os mestres Secretos do Tempo de J Berrier’, diz um Prof Homet que: “Numa cerâmica (do povo Chimus, do litoral do Peru, aparentado com os Maias) há grafado um homem com a boca cheia de folhas (coca?), parece adormecido. Seu crânio está raspado e mostra um orifício circular. Ao seu lado junto à cabeça, outro homem tem uma faca em forma de T ligeiramente curvo.”
Como foram descobertos crânios que foram trepanados por um formato laminar curvilíneo, com sinais de crescimento de tecido ósseo, deduz-se nitidamente que foram operados em vida. Não existir um prontuário dos donos dos crânios leva pesquisadores ao “achismo”; pensam em operações neurológicas avançadas para cura de tumores, coágulos, hidrocefalia, arre! Até uma proteína, Príor, “resolveu” criar a doença da vaca louca, criando esponjosidade nos cérebros bovinos, principalmente na Inglaterra, depois do sucesso comercial de aproveitar carcaças de animais para fornecer àqueles herbívoros aminoácidos que sempre encontraram nos vegetais. Mau aproveitamento da máxima de Pasteur.

Dácio Jaegger, fluminense, brasileiro médico cirurgião plástico

Imagem:
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O resultado do concurso para ser colunista de quinta-feira não saía hoje? Estou ansiosa. Desculpe se não comentei seu texto.

Ora pois, meu amigo, do miolo de pote até se pode tirar água. Eis que a água é meio onde se pode chegar a purificação. Entretanto, do miolo que faz morada nesta sua cabeça, não se pode negar, há um conhecimento ímpar e um domínio no partilhar deste conhecimento. Fico feliz em ver um texto seu onde quer que seja.
Um bju em seu coração

Desnecessário dizer o quanto me alegra encontrar neste miolo recheado de bons escritores, um tão especial e inteligente como Dácio, que nos mostra neste texto o que já sabemos por outras escritas suas, a vasta cultura e a facilidade de articular as palavras. Seus miolos devem ser de gosto apurado, que nenhum sílvícola o descubra.
Abraço amigo, sempre um prazer te ler.

Dácio, entre Miolo de Pote e miolos, parabenizo o Blog e bato palmas pra vc; alegro-me em ver que deu tratos ao miolo e produziu este texto tão gostoso de ler e pensar. Afinal, no miolo da célula reside o segredo da vida, não? E no miolo do Planeta, já pensou? Vc poderia continuar a explorar esses miolos dispersos, e temperar com o sabor especial de sua caneta, que virei degustar com satisfação. E que tenha seus miolos bem preservados sempre, como tem sido até agora. Abraços e meu carinho de amiga-leitora, faço minhas as palavras de Clarice.

Que interessante olhar sobre o miolo. Nunca poderia pensar ou descrever algo assim como vc. Isso mostra a qualidade dos seus miolos,não? Se não fosse causar problemas ao teu "coco" pediria que me enviasse alguns de seus miolos, me seriam de grande ajuda.

Isso me prova cada vez mais que passamos pela vida sem perceber tantas coisas...
Vou olhar o miolo da flor talvez eu encontre algo novo.

Adorei seu texto e espero te ler outras vezes.

Um beijo

Dácio! Eu conheço você e seus "miolos", faz tempo!! Dêem-lhe um mote e você faz um livro, se tiver tempo! Porque erudição e criatividade você tem para dar e vender...rs
Eu, aqui, fiquei admirando os prolongamentos que você realizou acerca do título do blog. De "Miolo do pote" chegamos aos índios, às comidas, aos estudos sobre "miolos". E, pensando com você, realmente "miolo" é coisa séria, fundmental, nuclear, central! E ninguém como você, para chegar ao "miolo" das realidades!
Salve, doutor Dácio!
Beijos, artista-poeta Dácio.
Abraço, amigo Dácio!
Dora

Um tema complicado mas rico, e você soube muito bem como explorá-lo, amigo Dácio. Grande abraço.

Perfeito..vc soube abordar o assunto com genialidade..que lhe é peculiar....
Beijo Dácio!

miolo vai bem com tinto? um brinde à nova empreitada

fiquei pensando aqui...com os meus miolos... que muito "miolo mole" teria mais serventia como iguaria do que "enfeitando"... caixa craniana. ou desenfeitando...seja lá...

Dascinho, meu querido!!! Que prazer grande ter vc aqui!
O texto não poderia ser diferente: tem a marca da seu talento e competência com as palavras!
Mas olha... fiquei aqui dando tratos aos meus miolos para ver se seria capaz de me interessar assim por eles! Negativo, querido. Tem que ter miolos como os seus: especiais! rs...
Beijo grandão!!!

Ai, meus miolos entraram em "curto"! Lobos, encéfalo, cerebelos, miolos... Desde os tempos da vovó, quando me mandava protegê-los do sol quente, ao das aulas de anatomia na faculdade, que ostentava aquela imensa "massa cinzenta" como um troféu no pedestal no meio da sala, provocando silêncio e calafrios entre os alunos,e mais tarde, às receitas de preparações gastronômicas, que não ouço falar da diversidade de manuseio de tão importante órgão. Só vc mesmo, caro doutor, pra discorrer com tanta propriedade sobre o tema. Gostei muito também do blog! Brigadu pelo convite, bjus, Kiki.

Vim ler o seu texto por indicação de Ceci, no blogue dela. E a indicação valeu, sim. Agora, já que você falou em "miolo de pote" e em cearense, preciso lhe dizer o seguinte: lá no Ceará (de onde sou, mas hoje morando no RN), se usa também a expressão "miolo de quartinha", com o mesmo significado. Um abraço.

Ola Dácio Jaegger.Obrigado pela visita e palavras.Quero dizer o seguinte:Passei infância e adolescência ouvindo meus pais dizerem que para ser alguém na vida tinha que ter miólos.Demorei pra entender que referiam-se a inteligência, esperteza, informações. etc.E aqui vi literalmente o miolo no pote...Depois miolos que se tornaram iguarias...Mas devo admitir;ví também um doutor da saúde que tem muito miolo pra literatura...Ficou muito bom. Um abraço.

Se fosse possível colocar uns ingredientes num borrifador e sair por aí "sprayando" em algumas pessoas, eu colocaria tua inquietude e tua audácia.
O Talento sozinho não sai do lugar... É preciso de alguns complementos para ele ir pra frente... Inteligencia, sagacidade, proeza e principalmente paixão pela arte de escrever. Portanto, a todos, muitas borrifadas inquietas e audaciosas. A prova está neste excelente texto, entre tantos que vc já escreveu.Parabéns!
Adoro vc Dácio.
Beijos todos pra vc, Rosangela

eu gosto Dácio. Admiro muito o seu interesse, a pesquisa para um tema e forma como vc vai desenrolando-a no texto. é divertido, é inteligente e educativo!!!!
Parabéns meu querido, por ser do jeitinho q é. Atencioso com tudo e todos.

Beijos!!!

Querido Dacio...
Desculpe o atraso... em teu blog te explicarei...

Depois de ler a tua cronica descobri que ser miolo mole é fatal e se for cabeça dura será dificil...
Vejo que de miolo em miolo se come o pinhao por falta dele.. rsss... Eita, ainda nao sei ao certo a inspiraçao que voce teve... se foi a linguagem do cearense o se o proprio miolo de casca dura...

Amigo vc é meu idolo!!!

Beikokassss

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