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Armorial X Rinocerontal - Por Carlos Gildemar Pontes

Numa discussão sobre cultura não me venham falar de
vamos falar e procurar conhecer pensadores como o nosso
poetadaporramaiúsculoparaibanobomdebriga.nordeste.comorgulho.br
Concordo com o Ariano Suassuna e não tenho medo de defender as raízes do povo nordestino e da língua-filha da portuguesa. Tem gente que tenta agradar aos bêbados e ao pessoal do AA e termina tendo crise de labirintite, em cima do muro da cultura. Eu aprecio cultura brasileira, nordestina, cearaibana, icoense, patoense e dos confins dos sítios mais esquecidos. É tanto que considero universal qualquer arte rudimentar ou refinada do espírito, seja ela produzida na caótica São Paulo ou no distrito de Estaca Zero, na região de Taperoá.
As contradições do homem vêm desde o autraloptecus e não podem ser transferidas para o artista, que se utiliza da sua função para marcar uma posição política definida. A obra do artista Ariano representa as idéias do homo taperoalensis e universal. Quem produziu A pedra do reino e O Auto da Compadecida tem o direito de esbravejar contra a cultura enlatada americana ou brasileira.
Que eu saiba, ele nunca foi contra os grandes gênios da humanidade de nenhum país. Mesmo que eu goste das músicas do Maicou Géquisson (e eu gosto), o Ariano tem razão. Se o povo não conhece todas as músicas, não conhece música.
Num país que produz grãos que dá para matar a fome de meio mundo da humanidade, se criar fome zero e pib negativo pra dar satisfação ao Banco Mundial e ao FMI, e a gente ainda ter que dar lucro à indústria cultural americana, paciência, está faltando uma boa dose de criticidade a um bocado de alienado deste país com suas províncias inchadas de puxa-sacos e apedeutas.
Se o Ariano está gagá, como insinua uns rinocerontes se coçando em loja de cristal, e não satisfaz a meia dúzia de intelectualóides de fachada, o que fazer das páginas escritas por estas sumidades que nem sequer leram a poesia armorial suassûnica?
Sei que daqui a cem anos lembraremos do Ariano, e dos rinocerontes?
- Por esta época já estarão extintos.

Carlos Gildemar Pontes - Cearense, poeta e escritor. Editor do Folhetim Literário Acauã. Colaborador do Miolo de Pote

Imagem: Ariano Suassuna http://www.azulcalcinha.com.br

Entre admirar a obra de Ariano e concordar com todas as suas idéias, vai uma distância enorme.

O pensamento de Ariano Suassuna contém muitas contradições, entre elas é não considerar o fato de que a cultura popular não contesta normas e valores vigentes, principalmente no Nordeste, onde a maioria das encenações populares são feita para os “senhores” locais.O pensamento de Suassuna vai, decididamente, contra as interferências estrangeiras na cultura popular nacional. Contudo, a arte que ele mais admira, a popular nordestina, é quase toda de origem ibérica. Apesar de ser contra a indústria cultural e a cultura de massa, ele teve algumas de suas obras adaptadas para o cinema e a televisão. Inclusive ganhou um quadro em um canal de TV a cabo, o Multishow, chamado O Canto de Ariano, onde conta seus casos e histórias. Quanto à participação em novelas, (especial de TV), Suassuna não aceitava que suas obras fossem adaptadas porque não seria uma popularização do seu teatro, e sim uma descaracterização e vulgarização. A trilha sonora da novela seria outra em função dos compromissos que a TV tem com as multinacionais do disco, além de compactuar com a deturpação dos seus diálogos e da fala nordestina. Mudou de opinião aceitando os convites dos diretores Luís Fernando Carvalho e Guel Arraes (Global). Em seus artigos na Folha, e em diversas entrevistas, podemos encontrar algumas explicações, mas não todas para as suas contradições.

Aquele que é reto, é capaz de muito se machucar ao longo da vida, principalmente na área do conhecimento. Ter pontos de vista todos os tem; já houve época que eles podiam permanecer por décadas; hoje com a velocidade das transformações, dos atropelamentos, da imbricação de culturas há que ter jogo de cintura para se permanecer de pé.Santa esclarece...Abraços

Não conheço Ariano Suassuna, mas depois desta nota, menos vontade tenho de ler algumas de suas obras. Fico com a Santa. Pelo que entendi em seu comentário, Ariano possui uma ideologia cultural muito balizada. Porém, ele restringe interlocuções globalizadas para a cultura popular. É inevitável que isso ocorra, daí a pergunta: qual o fundamento de negar as novas mídias. Para mim, quem não consegue interpretar suas idéias diante das mudanças mundias fica para trás. Entra em retrocesso. Deixa de dizer assuntos valiosos por negar o mundo em que vive. Assim está sendo Ariano.

Gosto, gosto, gosto muito desse sujeito. Cabra porreta! Que que vocês acham de trocarmos links?
Beijo
Kafé

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