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SEM EXPLICAÇÃO - Por Carol Montone








Ai que vontade de encontrar a roupa certa para valsar com o mundo. No meu armário de cores, ainda procuro a pele. O espelho sabe que nada me cairá tão bem quanto a nudez. Eu também sei e ainda assim cubro minhas vergonhas debaixo de seda. Como queria que meu coração coubesse para sempre a salvo no sutiã de algodão, mas eu sempre gostei de sentir os mamilos tocarem o pano.

Cada tempo que vivo me despe. É como um vento forte que rouba a echarpe francesa, varrida para um lugar qualquer entre os carros que vem e vão, na noite da avenida Paulista. A nudez da nuca gela a alma e me deixa a espreita, à espera dos vampiros que me querem anêmica. Ando apressada com a menina, quase desfalecida, sacolejando no ventre atrás de abrigo, o que faço por obrigação. Quero mesmo é me jogar no tempo, sem sandália ou salto agulha. Meus dedos descalços tropeçam menos nos passos ofegantes da imaginação. Como eu queria poder viver lá, na terra do nunca, aonde ninguém precisa saber o que é dor.


Nunca soube viver estanque na realidade. Tive medo de enlouquecer e emprestei meu corpo para vestir mil anseios de personagens fictícios, de histórias minhas que também são suas, ou de outros que nos separam, mas quando pano cai e o filme acaba volto a ser a mesma farsante de sempre disfarçada de mulher, quando sou apenas um rodopio, um catavento, uma risada, um rio, uma sensação, sou aquilo que amo.......e estou farta de dar explicações.


*Semana passada simplesmente não consegui escrever, nem ao menos para avisar à vocês. Desculpem. Às vezes um torpor de medo imobiliza meus sentidos. Não havia assunto cabível, depois de assistir a tragédia acontecida com o pequeno João, que foi esfolado vivo pela nossa resignação e perante a tamanha monstruosidade todas as minhas urgências particulares viraram um imenso pote de culpa, pesado demais, que passei dias arrastando de cima do meu coração. O pequeno mártir está agora nos braços do poeta carioca, recitando versos no céu até sua mãe chegar, e nós não sabemos mais até aonde chegaremos mudos. ......



*Apesar de qualquer pesar, o Carnaval é impreterível no país do samba e hoje é o primeiro dia da folia. Filosoficamente, a festa é excitante. É ou deveria ser um grito à liberdade. Dançar é por si um ritual sagrado, que liberta a mente dos demônios, bailar altera a consciência deturpada de razões e nos leva à lugares divinos (amo dançar), mas tudo nesta vida depende da intenção e a tradicional festa brasileira, na maioria dos casos, virou um desfile de aberrações, cujo objetivo é vender ou comprar cerveja, abadá, camarote e luxúria, aonde a mercadoria da vez é a alienação..... confesso que confetes e serpentinas não serão suficientes para me convencer de que está tudo bem neste ano

* Prefiro me viver minhas fantasias em outros refúgios, como no escuro do cinema, cujos excelentes filmes em cartaz ( Céu de Suely, O perfume e a Grande Família, entre outros) fazem sonhar. A grande Família, por sinal é totalmente capaz de fazer a gente esquecer um pouco da crueza do mundo. O filme é longo, mas não perde a graça. É lúdico, amoroso e delicioso, como a série, que certamente é a melhor da TV. Todos os atores estão excelentes. Marieta Severo e Marcos Nanine dão um show e Pedro Cardoso é um ator com uma veia cômica única. Na história, há várias possibilidades sempre, assim como deveria ser na vida......


Carol Montone é jornalista e atriz e colunista do Miolo de Pote

Nossa, que coisa mais linda. Estou encantada ^^
Parabéns Carol.

PS: olha só, eu preferia como estava antes o lay...
é só minha opinião,mas como o que vale é o conteúdo, o MIOLO, ok.

Até ;)

Nossa que texto. Uma sensibilidade nas palavras sem igual.

Sobre o João, realmente me feriu muito. Sabe, isso sim revolta bastante, atoso como esse. Aí ficamos a ver o quanto o ser humano pode chegar.

triste...

Carnaval eu nunca gostei. fico no conforto de casa, e nem televisão to aguentando...
Prefiro escrever.
(ou na recente ocasião ler blogs, que é muito mais interessante)

beijos
:)

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Deixo uma flor, um sorriso e um beijo

Maninha, linda, a crítica da Grande família aqui no Rio é demolidora, nem me animei...........

Bonito seu texto!!!!! também procuro a roupa certa.... Uma hora a gente encontra, rs*

beijos, flor, cheios de saudades

MM

ps: esperon que você esteja bem e que sua viagem tenha sido ótima [recebeu meu torpedo de resposta ao seu?]

Rs... Eu ia colocar este template no meu blog para comemorar a reativação dele... Ainda bem que não coloquei. Não tinha visto que você havia mudado o template (já que estou um tempão sem pc).
Depois passa por lá...
Um ótimo dia.

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